terça-feira, 7 de julho de 2009

Show De Alinne


Repórter da Viver Brasil acompanha uma tarde da vocalista da banda Cheiro de Amor antes da apresentação na Grande BH: tudo no cronômetro
Texto: Vanessa de Cobucci | Fotos: Daniel de Cerqueira
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"Longe de casa, há mais de uma semana. Milhas e milhas distante do meu amor...” O refrão cantado por Evandro Mesquita, sucesso da Blitz nos anos 1980, é a trilha que se encaixa perfeitamente na vida atual da cantora Alinne Rosa, 27 anos, vocalista da banda Cheiro de Amor. Desde 2004, quando entrou para o grupo baiano, ela cumpre agenda complexa, viajando pelo país e exterior, o que a afasta meses do lar. Entre tantos compromissos, como shows, entrevistas, gravações, sessões fotográficas, ela ainda consegue tempo para ver o namorado, o empresário Bruno Setúbal, que mora e trabalha em São Paulo. Ou ocorre o inverso: há um ano o rapaz faz um ziguezague entre aeroportos, hotéis e shows para acompanhá-la. De passagem por Belo Horizonte, para se apresentar na Calourada da Fumec, a Viver Brasil acompanhou um agitado dia da cantora, nascida em Itabuna, no Sul da Bahia.

Do aeroporto, depois de enfrentar atraso de uma hora no voo, uma van aguarda a banda para o traslado até o hotel. Despojada, Alinne usa vestido longo de malha listrado, rasteirinhas, jaqueta e óculos escuros. Ela chega ao hotel e sobe direto ao quarto, acompanhada pelo namorado e pela assessora, Gabriela. Fiel às origens, Alinne confessa amar a culinária baiana, desde que com “bastante pimenta e das bravas”. “Meu problema é que adoro doce. E para piorar, o Bruno ainda me presenteia com chocolates maravilhosos e doces irresistíveis. Só que, em dias de shows, minha dieta é outra. Sigo orientações da fonoaudióloga e da nutricionista. Ou seja: nada de comida pesada.”


Mesmo que esteja faminta, a cantora alimenta-se de um cardápio frugal, para não comprometer o desempenho nos palcos: salada, frutas, sucos naturais e água à temperatura ambiente. Nada gelado. No camarim, ela reforça a alimentação, sem sair da linha, com castanhas-do-pará, “ótimas para dar energia”, morangos e o inseparável energético Carb-up de açaí e guaraná. No corre-corre que antecede as apresentações, nem sempre é possível contar com uma equipe disponível para os cuidados com o visual. Alinne é expert: sendo necessário, ela mesma assume sua maquiagem, é sua própria visagista e arruma os cabelos. E comprovou suas habilidades estéticas. Enquanto o cabeleireiro Bruno de Oliveira cuidava das madeixas, que ela mesma havia lavado, Alinne almoçou (já passava das 16h), atualizou seu blog, leu notícias na internet e fez sua própria maquiagem. “Muita gente acha que nossa vida é só glamour e se esquece de que tem muito trabalho. Mas gosto muito do que eu faço.”

Rápida, logo ela está pronta, calça botas e usa um minivestido preto, que deixa à mostra a tatuagem de uma rosa estilizada com asas, com a emblemática frase de Clarice Lispector: “Liberdade é pouco – o que eu desejo ainda não tem nome”. Na porta do hotel uma pausa para atender inúmeros pedidos de fotos com um grupo que a aguardava há horas, formado por membros de seu fã-clube. No trajeto até o show, Alinne aproveita para fazer exercícios de aquecimento vocal. Entre o percurso hotel-show, a artista confessa que morre de vontade de convidar o músico mineiro Flávio Venturini para assisti-la num show. “Desde a adolescência costumava cantar músicas do 14 Bis. Sempre gostei das letras. Faz pouco tempo que o vi, no mesmo voo que eu também tomaria, em Porto Seguro. Ele estava quieto, na dele. Pensei: meu Deus, como vou chegar pra ele e falar o quê? Quando se é fã, a gente fica meio travado mesmo”, pondera.

Mal chega ao camarim, enfeitado com rosas vermelhas, sua flor predileta, Alinne prova algumas castanhas e começa a rever a set-list, fazendo as últimas alterações na ordem das músicas que irá apresentar. Às 18h25, vai para o palco, levantando o público com Esperando na Janela. Entre hits da axé music, como Vai Sacudir, Vai Abalar, Dias de Sol e Quebra Aê, entre outras, ela cantou clássicos da MPB, incluindo músicas de Jorge Ben Jor; Uma Noite e Meia (Marina), Não Quero Dinheiro (Tim Maia), NXZero e Lua de São Jorge (Caetano Veloso). Uma hora e meia depois, a Cheiro de Amor encerrou a apresentação. Fim do trabalho? Que nada! Um grupo de dezenas de fãs se acotovela na porta do camarim. Mesmo cansada, ela os recebe. Alguns se excedem nos gritos e nas manifestações de carinho, pulando e tirando fotos ora com celulares, ora com câmeras. A cantora se emociona com o relato da fã Marcela Marques, que há tempos ansiava pelo encontro, e retribui com um abraço e autógrafo. Tudo ocorre sob o olhar atento e carinhoso do namorado Bruno Setúbal. Depois, todos voltam para a van, a cantora passará a noite no hotel, e no outro dia, segue para outro show.

Alinne comemora a boa receptividade do DVD Cheiro de Amor Acústico, gravado no Forte São Marcelo, em Salvador. Para o trabalho, a banda contou com convidados ilustres, como Daniela Mercury, Jorge Vercillo, Durval Lélis, Armando Macedo, Sérgio Fernandes e Bruno Gouveia (Biquíni Cavadão). Em 2010, quando a Cheiro de Amor completará 30 anos de existência, a agenda comemorativa será ainda mais extensa. A cantora já se prepara para a maratona de shows e sabe que terá menos tempo ainda para a vida pessoal. Como diz a música da Cheiro de Amor, Pense em Mim, sucesso sempre requisitado nos shows que Alinne canta país afora: “quem foi que disse que para tá junto precisa tá perto? ... O tempo para quando estou do seu lado”. É a vida imitando a arte.



http://www.revistaviverbrasil.com.br/materia_01.php?edicao_sessao_id=162

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